A referência aeroespacial

Lançamento de satélite projeta Santa Maria e deve impulsionar desenvolvimento

Juliana Gelatti

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O satélite é pequeno, o lançamento foi quase do outro lado do mundo e poucas pessoas assistiram. O ingresso do Brasil em um novo patamar tecnológico, com o lançamento do santa-mariense NanoSatC-BR1, na quinta-feira, foi bem diferente do jogo entre Inglaterra e Uruguai na Copa do Mundo, por exemplo, que atraiu a atenção de milhões de pessoas no mesmo horário. Mas os efeitos desse fato ainda vão ser sentidos pela população. Em Santa Maria, a participação de profissionais e estudantes locais no primeiro nanossatélite do país a entrar em órbita projeta a cidade como referência no Estado e no país.
- O sentimento desse momento é que Santa Maria pode dizer: "sim, nós podemos". Nós podemos nos desenvolver, podemos construir coisas que vão ser referência no país. É para pararmos com esse complexo de vira-lata de que aqui não tem nada. Tem sim, tem um nanossatélite em órbita - opina o gestor do Santa Maria Tecnoparque, Cristiano da Silveira.

As pessoas ouvidas pelo Diário salientam, em primeiro lugar, a importância de que o Brasil não precisa mais se envergonhar de nunca ter conseguido colocar em órbita um satélite. Com isso, o país está em um outro patamar, ainda com muitos avanços a fazer, mas um passo foi dado:
- Hoje, nessa área dependemos do que é de fora. Mas os países que detêm isso dificultam ao máximo o acesso. Quando começarmos a ter essa independência tecnológica, vai ser muito bom para o país, pois quem domina o céu, domina o mundo. Toda a comunicação, hoje, é via satélite. Por isso a importância de fazer isso em casa - diz João Batista Martins, coordenador da Santa Maria Design House (SMDH), que projetou um dos chips embarcados no NanoSatC-BR1.

Martins cita como exemplo o GPS, que é a forma de georreferenciamento usada no mundo todo mas que é dominada pelos Estados Unidos. Se um dia o país decidir barrar o acesso de estrangeiros a esse sinal, o resto do mundo não tem o que fazer.

Além disso, Santa Maria se projeta como uma referência no setor e crescem as chances de sediar o polo espacial gaúcho, que vem sendo pleiteado pelo governo do Estado. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação já demonstrou apoio ao projeto do segundo nanossatélite gaúcho, a ser lançado em 2015.

REPERCUSSÃO
Veja abaixo a opinião de líderes locais sobre os efeitos do lançamento do NanoSatC-BR1 na cidade, na região e no país. As pessoas consultadas fazem parte do Comitê do Polo de Defesa de Santa Maria, grupo que discute alternativas para o desenvolvimento industrial e tecnológico da região com base nas oportunidades geradas pelos investimentos em defesa.

"Vejo como um grande avanço. Santa Maria vem fazendo um trabalho bem diversificado para se desenvolver. Com o lançamento do satélite, com a participação da SMDH, do Inpe, essas pesquisas e resultados grandiosos, que colocam Santa Maria no topo de diversas áreas. É muito bom, pois a cidade já é conhecida nos últimos tempos fora daqui e, agora, esse lançamento, que é pioneiro no Brasil e tem custos bastante reduzidos perto dos satélites tradicionais, a cidade ganha ainda mais projeção Os custos baixos permitem que os pesquisadores experimentem mais e são um estímulo para que mais pesquisadores se mobilizem em pesquisas voltadas à aplicação efetiva. Além disso, ganhamos mais profissionais capacitados para trabalhar com essa tecnologia de ponta."
Vilson Serro, diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm)

"É mais um fato que evidencia o trabalho que a cidade vem desenvolvendo e crescendo, na tecnologia, nesse caso voltada para a aeroespacial, mas também em relação à defesa. Um satélite pode ser aplicado em várias funções. É importante para consolidar a vocação de Santa Maria, a visibilidad"

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